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Josh Klinghoffer detalha sua saída e legado do RHCP: ‘Não é como se eu me sentisse um fracasso’

A vida de Josh Klinghoffer, como a conhecemos, mudou para sempre em 15 de dezembro de 2019. Ele foi a uma reunião com seus colegas de banda do Red Hot Chili Peppers no quintal da casa do Flea, e recebeu imediatamente o comunicado do baixista, enquanto o cantor Anthony Kiedis e o baterista Chad Smith estavam sentados. Calmamente, que ele estava fora da banda. Ainda mais surpreendente: John Frusciante, ex-guitarrista por duas vez dos Chili Peppers, estava substituindo-o. Atordoado, Klinghoffer teve que seguir em frente sem a banda em que ele fazia parte há pouco mais de 10 anos. A banda já tinha demos ou versões quase terminadas de cerca de 24 músicas em junho no que teria sido seu primeiro álbum desde The Getaway, em 2016, e terceiro álbum com Klinghoffer.

Ele continua juntando os cacos de sua demissão repentina, Klinghoffer não está totalmente perdido. Ele silenciosamente lançou um álbum solo sob o nome de Pluralone (que foi gravado nos intervalos das turnês com Chili Peppers) três semanas antes de sua demissão. Agora ele fára aberturas dos shows do Pearl Jam em sua próxima turnê. Klinghoffer também tem 25 músicas inacabadas à sua disposição, juntamente com as músicas que ele escreveu nas derradeiras sessões com os Chili Peppers.

Embora as coisas certamente já foram melhores para Klinghoffer, poderia facilmente ter sido muito pior. Se isso tivesse acontecido há cinco anos, Klinghoffer diz que teria sido esmagado. Agora? Não tanto. Klinghoffer se orgulha do que conquistou durante seu mandato no Red Hot Chili Peppers.

O SPIN conversou com Klinghoffer quando ele se sentou no quintal de sua casa em Pasadena em uma idílica tarde de sexta-feira para discutir sua demissão da banda do Hall da Fama do Rock & Roll, seus planos de seguir em frente e como um telefonema de Eddie Vedder permitiu que ele mudasse mais rápido do que o previsto.

SPIN: Você poderia dizer que algo aconteceu nas semanas ou meses anteriores à sua saída?

Josh Klinghoffer: Essa foi a única coisa sobre a qual eu não recebi nenhum sinal específico do Flea … embora ele tenha me dito algo: quando ele saiu em sua turnê do seu livro em novembro e a banda ficou um pouco inativa por mais ou menos um mês, quando ele sentiu que tinha algo que ele havia criado anos atrás com John que não era algo que você pudesse ignorar. Tenho certeza de que ele estava saindo com – ou até tocando e tocando um pouco com John – mas não teria parecido uma coisa certa (que Frusciante estava na jogada).

Apesar do que aconteceu, pelo menos você pode olhar para trás e dizer que essa foi uma era bastante forte para os Chili Peppers.

Klinghoffer: Eu também sempre pensei assim. Quando eu comecei a tocar com eles ao vivo, eu já havia tocado no palco com eles, mas não no papel que estava assumindo. Como fã da banda, eu inerentemente tinha a mesma energia que aqueles caras tinham. Eu sempre me senti bem e isso parecia fazer sentido, mesmo com essa diferença de idade, e que eu não era a pessoa que havia escrito esses hinos com eles. Eu senti como se houvesse uma conexão real que tínhamos no palco.

E os álbuns?

Klinghoffer: Eu não odeio ou desprezo os álbuns que fiz com eles de forma alguma. Eu escutei muito essas músicas – especialmente quando as estávamos fazendo. Submergido obsessivamente na música em que estou trabalhando e a ouço constantemente. Eu tenho muito amor pela maioria das músicas. Eu acho que há algumas músicas nesses discos que sem o sentido que eu poderia tê-las deixado de fora do álbum de uma favor de outra. Eu sempre fiquei impressionado com Anthony por sua capacidade de escrever letras e melodias e a quantidade de músicas que a banda cria. Diga o que você quer dele como letrista ou cantor – ele tem uma capacidade inacreditável e uma capacidade incrível de criar coisas novas. Assisti-lo foi muito especial.

Considerando que você tocou nos Chili Peppers por 10 anos, você já sentiu que essa partida era iminente no sentido de que você tinha que manter a guarda para o caso de algo assim acontecer?

Klinghoffer: Não, de maneira alguma. A única razão pela qual suponho que não estou mais na banda é por causa do repentino ressurgimento ou disponibilidade de John ou desejo de fazê-lo novamente. Durante todo o tempo, eu não tive contato com ele, mas sabia apenas pelo que ouvi de outras pessoas, que ele não estava interessado em tocar guitarra. Ele não estava no momento para tocar rock ou fazer parte de uma banda. Não achei que ele tivesse muito contato com nenhum dos outros caras da banda. Eu sabia que ele e Flea conversavam de vez em quando, mas mesmo quando eles se reuniam e tinham um ponto de encontro, eles sempre acabavam discutindo. Eu nunca pensei que isso iria acontecer até os últimos dois anos. Havia algumas coisas que me faziam pensar: ‘Ah, será possivel’, mas abaixei a guarda. Não achei que isso fosse acontecer porque tínhamos escrito um álbum inteiro e já tínhamos um monte de músicas que tínhamos preparado para dois álbuns e ainda queríamos escrever um pouco mais. Eu não achei que eles gostariam de interromper esse processo e escrever novamente, mas isso não me surpreendeu.

Dito isto, parece que foi a melhor despedida possível, considerando as circunstâncias.

Klinghoffer: Flea foi quem me disse, cinco dias após (a demissão) que ele teve uma semana cheia de emoção. No fim das contas, ele e eu somos amigos e ele gostava de me ver na banda que ele criou. É um pequeno grupo muito unido e eles não abrem as portas e deixam alguém entrar na banda facilmente. O fato de eles terem feito isso comigo e de eu estar lá por tanto tempo foi especial. Eu acho que ele me respeita e me valoriza como pessoa e como amigo. O fato de que ele de repente não iria me ter no mesmo no avião ao lado dele, como eu estava há 10 anos, foi provavelmente um pouco doloroso. Flea disse: “Nunca mudamos de integrantes quando não houve tragédia ou trauma.” Sinto que minha reação a demissão diz respeito ao fato de que estou ciente de quão especial foi a experiência que tive com eles. Apenas a oportunidade de sair com esses caras e ouvir suas histórias e fazer com que eles queiram ouvir minhas histórias. Foi como fazer parte de um clube incrível por um tempo. Certamente não acho que minhas amizades terminaram e que os relacionamentos não precisam mudar muito, além de não vê-los tanto. Tudo o que eu  já fiz na minha vida e o crescimento que passei nos meus 40 anos, minha reação foi pura gratidão. Como eu disse na entrevista com Maron, não é fácil para mim parecer um filho da puta hippie. Tenho certeza de que haverá momentos como ‘Vamos’ e “é isso mesmo’. Mas, no geral, estou tão feliz por ter conseguido fazer isso com eles e fazê-lo com sucesso. Não é como se eles dissessem: ‘Obrigado e decidimos ir com essa outra pessoa’. É John, a pessoa que eu cresci pensando que era o melhor. Fico feliz por ele estar tocando e querer fazer música com eles.

Você voltaria ao palco com eles apesar do que aconteceu?

Klinghoffer: Eu amo esses caras e os vejo tocar seus instrumentos. Adoro ouvir Anthony cantar quando ele está trabalhando em algo. Chad e eu não fazemos nada além de rir quando brincamos. A única reclamação que eu poderia ter sobre estar na banda era que não conseguimos tocar tanto quanto eu gostaria. Há algo em pertencer a uma banda desse tamanho e caras dessa idade, é um pouco parecido com negócios. Você ensaia algumas vezes por dia, depois toca por talvez duas ou três horas e então eles vão buscar seus filhos e tudo mais. Para alguém de 40 anos que nunca cresceu, eu sou como ‘Vamos, vamos tocar o dia todo!’. Então, se eles me pedissem para tocar novamente, eu estaria lá em um segundo. Isso também é ótimo nessa demissão e, felizmente, consegui mantê-la lá. No fim das contas, são quatro os caras que tocam música e quando decidem que querem tocar com esse outro cara, agora são esses quatro. Não é como ‘Nããão’ e advogados e esquisitices. São apenas quatro caras tocando música juntos.

Você ainda tem aquelas músicas em que trabalhou com eles? O que vai acontecer com elas?

Klinghoffer: Eu acho que há 24 músicas todas com arranjo e acabamento. Havia alguns que eram um groove e um groove e um refrão. Nós não terminamos. Havia pelo menos mais 10 idéias na lista, se não mais. Havia muitas coisas. Começamos em setembro ou outubro de 2018 e escrevemos a maior parte de 19, com exceção de quando estávamos em turnê e Anthony levou duas semanas de férias no verão, e o Flea casou e fez uma turnê do livro. É por isso que estávamos em um hiato de escrita. Definitivamente, eles vão começar do zero com John. A única possibilidade (dessas músicas reemergindo) é que, se uma certa idéia de Flea teve 100% dele, talvez eles a joguem na mistura e dêem nova vida a ela. Os que foram mais colaborativos provavelmente vão desaparecer.

Você sabe se algumas músicas dessas sessões surgirá em algum momento.

Klinghoffer: Se alguém me agride na rua e rouba meu iPod, é onde elas estão.

Quando você teve tempo de trabalhar no seu álbum solo?

Klinghoffer: Com a programação dos Chili Peppers com os ciclos de seus álbuns, há partes do tempo de inatividade que você pode ver mais adiante. Consegui manter Dot Hacker (a outra banda do Klinghoffer) como se fosse uma banda real, mas não fez turnê. Nós gravamos um disco, então os Chili Peppers fizeram uma turnê. Por causa disso, pude fazer três álbuns do Dot Hacker durante o tempo de inatividade dos Chili Peppers. Sempre que havia tempo de inatividade, eu trabalhava e tentava me manter ocupado. Com o álbum solo, seria o que eu teria feito com Dot Hacker. Dessa vez, decidi deixá-los fazer o esforço e ninguém fez, então fiz o disco por conta própria. Fiquei amigo do (ex-baterista do Chili Peppers) Jack Irons na turnê nos EUA, onde ele abriu para os Chili Peppers. Ele sempre foi um dos meus bateristas e músicos favoritos.

Ele está na sua banda?

Klinghoffer: Eu não tenho uma banda no momento. A turnê do Pearl Jam será somente eu.

Apesar de todas essas notícias, parece que essa ferida está cicatrizando rapidamente.

Klinghoffer: O momento é louco. Eu já tinha esse álbum lançado. O convite para fazer essa turnê não veio muito depois da demissão da banda. Eu acho que conhecer Eddie (Vedder) um pouco mais recentemente ajudou. Acabamos de tocar no Ohana Fest (em setembro) e ele tocou em show beneficente na escola de Flea (Silverlake Conservatory of Music em Los Angeles em novembro). Eu acho que ele estava ligando para fazer o check-in e ver como eu estava. Eu dei meu discurso e foi praticamente o que te falei, que é louco e triste e tudo isso. Eu me sinto meio feliz com a maneira como as coisas se desenrolaram e com o que eu consegui com elas. Não é como se eu fosse um fracasso. Houve boa vontade e acho que o convite foi estendido para abrir. Na semana seguinte, eu estava olhando para um calendário completamente em branco. Jack havia falado sobre fazer uma coisa ao vivo como esse projeto nesse ínterim antes do convite da turnê do Pearl Jam. Era uma coisa boa ter algo para fazer, ou então eu posso ter enlouquecido. É bem assustador, porque será a primeira vez eu irei tocar sozinho.

Com tudo o que aconteceu – e ainda é novo – como você vê sua experiência como guitarrista principal do Red Hot Chili Peppers?Klinghoffer: Estou realmente orgulhoso do que fiz. Eu trabalhei duro e não acho que exista algo do qual tenha que me envergonhar ou me sentir mal. Essa é uma maneira demorada de dizer que eu não acho que teria sido tranquilo se isso fosse há cinco anos. Eu provavelmente teria surtado (com a demissão dele).

Original: SPIN Magazine
Tradução: Jonathan Paes

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