Flea participou de LIVE na ESPN LA e falou sobre RHCP e Lakers
Flea participou do programa “Late Night Happy Hour with Kam Bros” no YouTube e rádio da ESPN Los Angeles. O lugar onde ele estava chamou atenção dos apresentadores e ele contou que estava na casa do primo da sua esposa em San Bernardino (California) onde já chegaram a se hospedar nomes como Hugh Hodgson (pianista), Marilyn Monroe e vários outros atores dos “filmes Western de Hollywood”.
Confira alguns assuntos que o Flea comentou durante o bate papo:
QUARENTENA
O baixista está gostando da quarentena no ponto de vista que pode escrever músicas sem ter o compromisso de ir a outros lugares conforme acontece na “vida normal”. Ele sabe que é privilegiado por ter condições de fazer isso e poder ficar em casa, mas que pensa na humanidade e de contribuir de alguma forma, então por isso que está ajudando a comunidade de Los Angeles que não tem a mesma condição financeira. Ele gostaria de estar em turnê, mas também acha bom estar em casa e acha que as mudanças que estão acontecendo pode ser algo bom para a humanidade.
PROTESTOS
Acha que se não fosse a pandemia, não estariam acontecendo os protestos do Black Live Matters nos Estados Unidos com essa mesma força porque acredita que as pessoas estariam focadas e preocupadas com outras coisas, como ir ao trabalho e todas as preocupações do dia a dia e então não estariam em casa com várias oportunidades de ter momentos de reflexão.
A MÚSICA “THEY’RE RED HOT”
Um dos apresentadores lembrou da versão do RHCP para a música “They’re Red Hot” do Robert Johnson que encerra o álbum Blood Sugar Sex Magik. Eles gravaram o álbum em uma casa conhecida por ser mal assombrada e ele nunca tinha estado em uma casa tão grande. Gravaram essa faixa do lado de fora e levaram todo o equipamento e cabos ligados nos amplificadores e gerador e o Chad tocou a percussão com a mão. Ele ouvia os carros passando enquanto tocavam e tem uma memória muito feliz dessa gravação.
NOVO ÁLBUM
Respondendo uma pergunta dos apresentadores, Flea contou que tudo que acontece no mundo o inspira musicalmente, principalmente por pessoas que se importam com os outros. Contou ainda que os Chili Peppers estavam trabalhando em um novo álbum e pararam por causa da pandemia. Mas que já voltaram a se reunir e tocar só os quatro numa sala, sem equipe, tomando todos os cuidados necessários no momento atual e fazendo os testes.
O baixista ainda comentou que sempre existiu um processo muito orgânico na banda, sem nada forçado e que dão o melhor sempre. “Lógico que tem época que temos que focar mais. Nem sempre é fácil, passamos momentos difíceis como banda. Tem coisas que não dá pra entender ou controlar, mas faz muito bem tocar com eles” completou, dizendo ainda que nunca foram forçados a fazer algo que não queriam e que criam a música quando se juntam, começando com uma melodia instrumental ou vocal.
SE COMPARAM COM O QUE FAZIAM QUANDO ERAM ADOLESCENTE?
Flea disse que nunca fizeram essa comparação, mas consegue lembrar de onde estavam como banda naquela época. Ele nunca compara o momento atual com o que já fizeram. Quando estão compondo um álbum, está focado naquele momento pra fazer ficar o melhor possível.
EVOLUÇÃO MUSICAL E JOHN FRUSCIANTE
Comentou ainda que nunca fazem algo pensando na audiência e que a natureza do RHCP é fazer música que conecta muitas pessoas, “como se fosse um veículo”. Nunca mudaram isso mesmo quando ficaram populares, a música apenas evoluiu. Sabiam que amavam o que faziam (tocar música), mas ainda não sabiaM exatamente como compor e que a entrada do John Frusciante em 1988 ajudou muito nisso. Ele naturalmente era um bom compositor e trouxe isso pra banda, os ajudando a crescer como compositores.
LAKERS
Flea é fanático pelo Los Angeles Lakers (se não está em turnê, está no Staples Center, quadra de Los Angeles onde o Lakers manda os jogos) e sente falta de torcer por eles. A NBA vai voltar no final de julho com jogos acontecendo apenas em Orlando, sem público, e o baixista comentou que nunca viu um jogo de basquete sem torcida.
Ele ainda comentou que estava assistindo futebol torcendo pelo seu time Sheffiled United e na transmissão deram a opção de quem está assistindo para ver com barulho de torcida ou não. Mas com jogos de basquete, gostaria de ouvir o barulho dos jogadores da quadra e ouvir o que estão conversando. Contou ainda que ama basquete porque adora ver o sentimento dos jogadores quando estão jogando, pois é possível ver a personalidade dos caras e acha que isso será ainda mais perceptível sem o barulho da torcida. E gosta que o elenco atual dos Lakers ama jogar basquete e isso cria uma química especial como time.
Também achou legal que a NBA liberou os jogadores protestarem se quiserem e ficou triste mas compreendeu a ausência do jogador Avery Bradley, que decidiu se afastar pensando “na saúde e bem estar” de sua família durante a pandemia.
Sobre LeBron James, um dos grandes astros da NBA e principal jogador dos Lakers, Flea o elogiou bastante. Disse que “ele é inteligente, forte e parece que tem um coração bom. É um cara legal. Todos o respeitam”. Ainda comentou sobre a história de vida do jogador e o seu comportamento em quadra.
Sobre Dwight Howard (jogador já tinha passado pelos Lakers e saiu brigado com a torcida em 2013, mas retornou para a atual temporada), Flea lembrou da primeira vez que o Howard voltou para Los Angeles com o Houston Rockets depois de sair dos Lakers e foi muito vaiado. O baixista estava na quadra, perto dos jogadores e mandou um “you suck” (xingamento em inglês) quando viu Dwight, que agradeceu o músico, o que o fez se sentir um idiota, pois na hora lembrou que ele é um humano também.
COMPARAÇÕES ENTRE BANDA E TIME
Os irmãos apresentadores da ESPN LA começaram a fazer várias comparações entre a situação atual os Lakers estão passando (ficar muito tempo juntos em quartos de hotéis) com a sua experiência como músico:
O QUÃO DIFÍCIL É FICAR JUNTO POR TANTO TEMPO
Flea acha difícil porque tem experiência com turnês desde os dezenove anos. Quando todos da banda estão bem, animados com álbum novo, é a melhor coisa que poderia estar acontecendo. Mas quando não estão se dando bem, acha que tem alguém do grupo sendo hipócrita, o ambiente vira um “inferno” e fica um clima depressivo, triste e sozinho porque “você quer se isolar quando esse cara aparece”. Acha que se os Lakers chegarem na final nesses três meses de final de campeonato, não é tanto tempo assim comparado com a experiência que ele tem com turnês. Mas acha que o clima em termos de esportes será diferente, pois os jogadores dos Lakers podem estar tomando café da manhã na mesa do lado do time rival.
SE O FLEA JÁ FOI VAIADO
Flea disse que os Chili Peppers já foram vaiados, mas isso nunca os incomodou porque na época eles tinham uma “atitude punk”. Contou que a primeira vez que tocaram fora de Los Angeles foi quando estavam ficando populares na cena underground das casas de shows de LA (ele não lembrou a cidade que foram tocar). Depois que voltaram do primeiro de três shows que fariam tinham apenas dois meses de banda. Alguém arrancou os cabos dos instrumentos e microfones e mandou eles irem embora com a música deles. Eles riram da situação e essa foi a primeira vez que foram vaiados.
Mas acha que foram muito amados no começo e a parte mais difícil não é quando o público não gosta deles. Lembrou que uma vez abriram pro Rolling Stones e foi estranho a recepção, assim como quando abriram pro Oingo Boingo quando ninguém sabia quem era RHCP e também foram vaiados. Todas as músicas na época o Anthony Kiedis cantava em forma de rap e a banda tinha uma atitude punk, o que era estranho no palco pra quem não conhecia. Flea gostou que os caras do Oingo Boingo os chamaram pra tocar e gostavam do Red Hot, mas achou estranha a recepção do público da banda.
JOHNNY CASH
Um dos apresentadores é muito fã de Johnny Cash e pediu para o Flea contar um pouco sobre as sessões que fez para a música “Heart of Gold”, com produção de Rick Rubin. Flea lembrou que o Rubin produziu a maior parte dos álbuns do RHCP e todos foram populares. Ele também produziu com Johnny Cash, que Flea achou muito poderoso e se sentiu intimidado na época por estar saindo “do seu mundo” e entrando em um novo. Contou ainda que o Rick fez o Johnny Cash ser quem ele era sem se preocupar com o que estava acontecendo ao redor no mundo da música e que a morte do cantor deixou o produtor muito triste.
A MELHOR BANDA AMERICANA DA HISTÓRIA
Num debate entre os apresentadores e Flea citando várias grandes bandas dos Estados Unidos da história, Flea escolheu Earth Wind And Fire como a melhor. Lembrou que “quando estava na escola, eles mandavam na cena musical”. Na época, Flea não gostava de pop, gostava de jazz e que as pessoas brancas na escola gostavam de Led Zeppelin e as pretas de P-Funk. A escola era bem diversificada com latinos e asiáticos também, mas todo mundo, sem exceção, gostava de Earth Wind And Fire, incluindo professores.
NÃO FOI APROVADO PARA TOCAR NA FESTA DE FORMATURA
Flea ainda contou que na primeira banda que tocou além da orquestra que participou quando era criança se chamava “Tight” e fizeram um teste pra tocar na formatura da Fairfax High School (escola onde conheceu Anthony Kiedis e Hillel Slovak), mas não foram aprovados. Flea tocava bongos e trompete, ainda não tocava baixo.
Ele ainda lembrou que a Patti Smith o contou uma história que, em sua formatura, tinha duas salas com bandas diferentes tocando. Uma era com covers que todo mundo conhecia e estava lotada. A outra tinha apenas três pessoas assistindo e, quem estava tocando nessa sala vazia era o Isley Brothers com Jimi Hendrix na guitarra.
Confira a entrevista na íntegra nesse link: