‘A música me deu confiança’, diz Flea em entrevista
Flea fala sobre a escola de música para crianças criada por ele em 2001.
“Quando acabar a turnê, vou estar lá ensinando trompete e baixo”, diz.
Com o sorriso mostrando os vão nos dentes, várias tatuagens, movimentos em cima do palco sempre sem camisa, e um estilo funkeado de tocar baixo, Flea (nascido Michael Balzary) tem sido a cara do Red Hot Chili Peppers por mais de 20 anos.
Este mês, o grupo, ao lado do Pearl Jam, participou de um show para arrecadar dinheiro para o conservatório de música Silverlake, uma escola de música sem fins lucrativos fundada pelo baixista em 2001.
Flea, 44, viveu nas vizinhanças de Silverlake, perto do centro de Los Angeles, por cerca de 20 anos. Agora ele vive em Malibu com a modelo Frankye Rayder, com quem tem uma filha de um ano e meio, Sunny. (Ele também tem uma filha de 18 anos, Clara, que toca bateria no colégio).
Em entrevista à Associated Press, ele falou sobre educação musical e seus planos para quando a turnê que a banda está fazendo terminar, em agosto.
Leia a entrevista:
Fale sobre o conservatório.
Flea – Foi idéia minha. Eu só dei início. Eu chamei meu amigo Keith (Barry) para cuidar da parte educacional.
Por que criar um conservatório?
Flea – Porque o sistema educacional público abandonou as crianças. Eu acho que este é um problema grave. Quando eu era criança, em Los Angeles, eu ia para essas escolas, Fairfax High, Bancroft Junior High, e todas elas tinham grandes departamentos de música. Eu sempre toquei na orquestra, na banda de jazz, na banda marcial. Eu voltei há uns seis, sete anos, à Fairfax para conversar com o departamento de música e simplesmente não existia mais – eles tinham um professor voluntário e alguns violões. Eles não tinham nada. Foi um choque.
Quando estudei lá, qualquer criança pegava um instrumento e tocava. Para mim, foi muito importante… Durante um tempo, eu não fiz nada além de criar problemas. Eu ficava na rua, me drogava, invadia casas. A educação musical me deu algo ao qual me apegar. Eu aprendi a ler música. Isso me ensinou disciplina, me deu confiança, a sensação de realizar alguma coisa.
Música realmente pode ser uma terapia. Fazer música é algo bonito. Mas escutar música é simplesmente demais. Para alguém que não deseja se tornar músico, aprender os fundamentos da música dá àquela pessoa um entendimento muito mais profundo. Música é como a genialidade da humanidade, é universal… Pessoas que nunca tiveram tempo de verdade para a música, suas vidas são menores. As crianças merecem a riqueza e a dimensão de tê-la em suas vidas. Essa é uma tentativa de fazer isso.
Como você equilibra sua fama com o tempo na escola?
Flea – Fama é um estranho animal… De certa maneira, é uma extensão de quem eu sou. Sou um artista, e dei um jeito de colocar minha arte no imaginário mundial, eu acho. Mas todas essas pessoas criaram algo sobre o que eu sou. Sei que foi isso que me proporcionou o dinheiro para fazer esta escola e este é um grande privilégio. Quando eu terminar a turnê em agosto – até lá teremos estado em turnê por um ano e meio – vou querer estar por lá, ensinando o tempo todo trompete e baixo.
Que outros planos você tem para o verão?
Flea – Bem, eu tenho a escola de música, mas também sou um vagabundo preguiçoso. Sempre estou trabalhando com música, compondo… Sendo pai. Também gosto de jogar basquete e golfe.
O grupo está trabalhando em novas músicas?
Flea – Sempre estamos meio que trabalhando em novas músicas, mas não especificamente em um álbum agora.
Como está a praia em Malibu?
Flea – Eu amo. Embora eu sinta falta dos seres humanos, eu realmente gosto da natureza. Eu sempre gostei de caminhar. Posso andar pela praia à noite. Eu ando nas montanhas de lá. Desse jeito eu fico o mais perto possível da natureza.
Matéria extraída do site G1.
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