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Entrevista exclusiva com Josh Klinghoffer

[Entrevista feita dia 28 de junho, 2012]

RHCP Brasil teve a alegria e a honra de entrevistar Josh Klinghoffer.

Perguntamos qual a bebida, comida, livro e musica favorita dele; se o RHCP já está escrevendo o novo álbum; sobre o que ele achou do Brasil; sobre Dot Hacker; e muitas outras coisas…

Esperamos que você curta essa entrevista, que mais uma vez, só o RHCP Brasil tráz com exclusividade para você.

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Olá Josh, muito obrigado por aceitar essa entrevista.

Vamos iniciar perguntando um pouco sobre o Brasil.
Qual memória você tem do Brasil e do público?
A tirolesa no Rock In Rio. Ha! (risos)
Não, sério, TODO o publico brasileiro que eu tive a honra de tocar foi incrível!


O Rock in Rio 3 foi o maior público do RHCP até então. Essa última edição do Rock In Rio foi seu maior público também?
Bom, eu não tenho certeza de qual foi o número oficial de pessoas, mas certamente foi grande. Eu toquei no Live Earth – ou sei lá como era chamado – em 2007 com o RHCP também. Havia muita gente! Nós também acabamos de tocar no Stade De France, que também é um lugar enorme. Mas o Rock In Rio foi fantástico.


Você já veio ao Brasil antes com outras bandas certo? Essa última vez foi diferente das outras? Não pelo fato de estar com RHCP, mas sua estadia por aqui. Achou alguma coisa diferente, teve tempo para visitar outros lugares ou conseguiu aproveitar algo que não conseguiu anteriormente?
Eu tive mais tempo. Mas, ainda assim, nem tanto tempo como eu queria ter tido.


Mas em São Paulo, soubemos que você comprou vários discos, você já teve tempo para desfrutar de suas novas aquisições? Qual foi seu favorito?
Eu comprei muitos álbuns!  Mas quer saber, ainda não consegui ouvir TODOS eles. Até o momento, um dos meus favoritos é “A Tábua De Esmeralda” de Jorge Ben. Além disso, eu estava procurando um single de uma das minhas canções favoritas de todos os tempos: “Mané João”, da Wanderléa. Alguém tem um LP-45 desta música?


E ainda em São Paulo, quando você subiu no palco e viu os balões vermelhos e a faixa “Welcome Josh Klinghoffer, we are with you”, o que você pensou?
Que pessoas amáveis.


Você ainda tem a aquela faixa?
Sim, ela está perto da minha porta da frente.


Aproveitando…  Como foi e como está sendo o apoio dos fãs durante os shows?
Lindo.


Comparado com seu início no Red Hot Chili Peppers como você se sente hoje? Você acha que se soltou e se desenvolveu mais tocando com músicos como Chad Smith e Flea? Já se sente em “casa”?

Flea, Chad e Anthony fizeram de tudo para que eu me sentisse em casa desde o começo. Tocar com este tipo de formação, isto é, uma guitarra, baixo, bateria e cantor é algo que eu nunca havia feito antes, especificamente. Parece que diariamente nós avançamos cada vez mais no nosso relacionamento mesmo. Sempre desenvolvendo e crescendo. Tocar com esses caras me inspira a sempre ter algo novo e interessante pra tocar. Ou ao menos a tentar.


Chad, Flea ou Anthony dão algumas dicas pra você de vez em quando?
Creio que alguma coisa aqui e outra ali. Mas normal, assim como qualquer amigo que esteve há mais tempo que você em uma determinada situação.


Em 2011 vocês tocaram um trecho de ‘American Ghost Dance’ e de ‘Jungle Man’, do álbum Freaky Styley. A banda planeja tocar mais músicas do segundo álbum ao vivo? Você tem uma música favorita deste álbum?

Se ‘American Ghost Dance’ foi tocado, foi de improviso. Nunca esteve em nenhum setlist que eu tenha visto. Eu amo aquele álbum e adoraria tocar o máximo que pudéssemos dele. Nós tocamos Freaky Styley (a música) algumas vezes e conversamos sobre incluir canções como ‘Blackeyed Blonde’ e ‘Yertle The Turtle’, revezando entre um setlist e outro. Mas por algum motivo, elas acabam sempre sendo esquecidas. Este é o lado ruim de ter tanta música boa pra escolher, eu acho. Espero que estas músicas voltem com tudo. Eu adoraria tocar ‘Jungle Man’!


O verso em ‘Meet me at the Corner’ que você canta, foi você mesmo que escreveu? E você teve participação no processo de composição das letras do álbum I’m With You?
De fato eu escrevi sim aqueles dois versos que eu canto. Originalmente, eu pretendia que Anthony cantasse estes versos ou algo naquela parte, mas ele acabou gostando da minha voz e, o que era pra ser um backing vocal, acabou sendo a voz principal. Fora isso, eu mesmo escrevi as letras onde faço backing vocal. Às vezes, eu desvio de propósito da composição original da primeira voz e canto algumas palavras diferentes, como em ‘Factory Of Faith’, mas Anthony escreve todas as letras que ele canta. Eu diria que praticamente 99.8% delas.


Você disse que no próximo álbum, quer se concentrar mais nas composições com a guitarra. Podemos esperar uma atitude mais acústica ou riffs mais no estilo rock?
Veremos. De fato, acho que misturar guitarras acústicas com o slap agressivo do Flea resultaria em um som maravilhoso.


E essas b-sides que serão lançadas são alguma “direção” para o novo álbum?
Não. Pelo contrário, as b-sides formam um mapa multi direcional de um passado recente.


Vocês já estão escrevendo um novo álbum do Chili Peppers?
Oficialmente não, mas as ideias já estão surgindo…


Legal, e você acha que haverá muita diferença entre escrever o novo álbum e o I’m With You?
Quando nós começarmos a focar em novas canções, tenho certeza que haverá um nível maior de conforto e familiaridade. Mas também, como um todo, tenho certeza que será bem parecido com o modo que a banda sempre fez isto.


Ah! Foi você que sugeriu o nome do álbum, como que você chegou a este título?
“I’m With You,” foi algo que vi escrito em um muro em lindas cores, perto da minha casa. Pra mim, aquilo traduziu perfeitamente o contexto do álbum pra mim… de diversas formas, assim como em “Inhibition”.


E como foi a de “Inhibition”, do Dot Hacker?
Aquela canção, “Inhibition,” parece resumir perfeitamente os sentimentos que foram colocados no processo de composição do álbum do Dot Hacker. Na formação em si da banda, inclusive. Esta música foi escrita há um bom tempo e só foi lançada pelas devidas circunstâncias que a formação da banda permitiu. A maneira na qual esta canção foi gravada também chegou a ser inibida…de diversas formas. Havia um monte de inibição em torno da canção e do álbum “Inhibition”.


É verdade que você gosta das capas de álbuns nas quais os integrantes da banda não aparecem. Existe algum motivo?
É somente um gosto pessoal, de verdade. Prefiro mil vezes olhar para a capa de “I’m With You” ou “Inhibition” do que para fotos de pessoas.


E do RHCP, qual sua capa favorita?
“I’m With You”


O gênero do Dot Hacker é diferente do Red Hot Chili Peppers. Mas quando você compôs com Red Hot, você agregou alguma influência do Dot Hacker?
Na verdade eu não entendi muito bem a pergunta, mas eu ODEIO rótulos musicais. Eu simplesmente componho. Nós todos tocamos o que gostamos. Ambas as bandas possuem uma combinação específica de pessoas que são compostas por vida, gosto, alma, vontade, qualquer coisa… produzem…. o que produzem.


Desculpe, ficou confusa a pergunta anterior, mas eu entendi e gostei de sua resposta.
O que gostaria de saber era se alguns métodos ou técnicas que você usa em uma banda também são usados na outra…
Eu utilizo os mesmos métodos de sempre para trabalhar e escrever. Há muitas formas de fazer isto, mas tudo pode ser utilizado para as duas bandas.


Ainda sobre Dot Hacker, a música “Neon Arrow” não entrou nem no EP nem no álbum Inhibition, por que? Há alguma chance de futuramente ela entrar como bside?
É uma canção que nunca encontrou uma representação perfeita. A versão que saiu – que eu me arrependo de ter permitido – não estava completa. É como uma versão demo mais detalhada. Uma versão demo que NEM TODOS os membros da banda aprovaram. Eu gostaria sim que as canções fossem terminadas e executadas propriamente algum dia.


No que estava pensando quando escreveu a música Idleidolidyl? Qual foi a sua inspiração?
Eu escrevi esta canção debaixo do palco Södra Theatre, em Estocolmo. Eu estava em turnê com os Sparks. A letra em si eu creio que seja meu ser plenamente interessado em palavras que soam parecidas umas às outras mas que tem diversos significados. Linguagem, baby!


Você consegue imaginar como seria o videoclipe de uma das músicas do Dot Hacker? A banda pretende gravar algum videoclipe?
Eu não sou um grande fã de videoclipes, mas eu estava pensando em um quando estava no avião, outro dia. Sim, a não ser que eles sejam bem profundos e bem executados, eu geralmente acho que os vídeos ficam melhores na imaginação.


Tivemos a oportunidade de ver recentemente um vídeo com uma excelente explicação (Rig Rundown) sobre seus equipamentos com Ian Sheppard, seu técnico de guitarra. Quase todos seus equipamentos – tipo os amplificadores por exemplo – são bem antigos. Mas ao mesmo tempo você inventa timbres bem contemporâneos com uso constante de pedais. Você acha que esses extremos se completam ou é uma dualidade que nunca passou na sua cabeça?
Novos e velhos. Modernos/antiquados. Futuro/passado. Estou sempre pensando sobre isto. Tempo. Sim. Eu poderia ir mais fundo nisto, tenho certeza. Mas vamos resumir tudo isto com um sim. Penso muito nisto.


Recentemente nós lemos uma entrevista sua para a revista Total Guitar. Eu não sei se eles escreveram corretamente na revista, mas eles citaram que você nunca se interessou em ser um guitarrista principal e que isso não é algo que você gosta de fazer. Até que ponto essa declaração publicada na revista é verdade? Você não está gostando de ser um guitarrista do Red Hot Chili Peppers ou você quis dizer uma coisa e eles publicaram outra?
Eu amo tocar guitarra e amo estar no Red Hot Chili Peppers. Mas eu simplesmente nunca me imaginei sendo aquele guitarrista que faz vários solos e que tem toda atenção voltada para ele. Mas não me entenda de forma errada, eu amo estar nesta banda tocando guitarra.


Ficamos felizes em ouvir isso 🙂

E no tempo livre entre um show e outro, o que você faz? Costuma conhecer o local onde está ou prefere passar o tempo sozinho estudando e ouvindo música?
Depende. Eu gosto de sair o máximo que consigo, mas comecei a perceber que também preciso descansar o máximo que puder. Não descanso o suficiente. É muita correria!


Falando nisso, existe alguma música que você mais ouve quando está sozinho?
Eu praticamente sempre ouço músicas sozinho.


E qual cidade que mais gostou de tocar?
Eu gosto de tocar em todos os lugares.


Primeira cidade que tocou fora dos Estados Unidos (e com quem)?
Sério, são muitos lugares maravilhosos no mundo pare escolher um favorito.


Não, eu queria saber na verdade a primeira cidade, você lembra?
Ah sim, devo ter entendido isto de forma errada. Fora dos Estados Unidos a primeira foi Sydney, Australia, com os Butthole Surfers em Outubro de 2001. Foi incrível!


Uma cidade que ainda não tocou mas gostaria de tocar?
Havana


Sua comida preferida?
Pensamento.


A comida mais estranha que você comeu foi?
Melhor não dizer, as pessoas ficarão ofendidas.


Uma bebida?
Orange Julius


Um filme?
Manhattan (de 1979 dirigido por Woody Allen)


Uma música?
Adagio in G Minor


Adagio com Lara Fabian?
Não, de Tomaso Albinoni.
Embora eu estava lendo que pode ter havido uma controvérsia sobre se ele realmente escreveu isto ou se alguém usou fragmentos de sua obra e escreveu a sua própria obra.


Um livro?
The Elementary Particles


Um ídolo?
Não, obrigado.


Esporte favorito?
Baseball.


Já praticou?
Eu praticava quando era mais novo.


Uma frase ou citação que vier na sua cabeça neste momento?
Por quê?

Sei lá, alguma citação que você leu e que talvez possa inspirar seus fãs…
Sim, “Por quê*” é tudo que vêm em minha mente.

*nota rhcpbr: Entendemos que ele quis dizer “questionar-se”.


Qual foi a coisa mais esquisita que você já viu ou testemunhou?
Em 03 de outubro de 1979, às 7:08 da manhã (PST), que momento mais estranho…


[risos] Depois desse momento estranho, já aos 15 anos, você abandonou a escola para se dedicar a música. Seus pais te apoiaram nisso? E se não tivesse dado certo? Não são muitos os músicos que conseguem pagar as contas com esse trabalho… Você consegue se imaginar tendo outra profissão?
Não sei se isto é bom ou ruim, mas não, não me imagino fazendo nada além de música. E não, eles não me apoiaram. Foram anos terríveis. Porém, no final das contas, este fato acabou me colocando no caminho: “dê certo ou morra”. E por dar certo, quero dizer, em continuar a fazer música mesmo. Continuar a crescer como músico, escritor, artista, humano, pessoa, ser. Eu ainda tento conseguir isso diariamente.


Durante sua carreira você participou de projetos muito bons em bandas como The Bicycle Thief, PJ Harvey, Wairpaint e Ataxia… mesmo que no momento você queira se concentrar apenas no RHCP e no Dot Hacker, existe alguma possibilidade de no futuro você trabalhar novamente com essas bandas?
As portas nunca estão fechadas. Mas, infelizmente, há somente algumas horas no ano.


E quando você estava no The Bicycle Thief, surgiu a oportunidade de tentar algo no Nine Inch Nails, mas você não quis. Por quê?
Eu apenas não queria tocar com eles.


Em 2007 você tocou com alguns integrantes do Marlene Kuntz e fez um cover da cantora Mina ano passado no show na Itália. Você planeja repetir essa experiência em algum momento?
Eu adoraria gravar um cover daquela canção da Mina, mas será que me atrevo?


Deveria…
Você tem algum artista italiano favorito?
São tantos…


E se você tivesse a oportunidade de fazer uma parceria musical com alguma banda ou músico, ainda que somente por um show. Quem você escolheria?
Idleidolidyl.
São muitos. Pergunte-me outra vez.


São muitos músicos com os quais você gostaria de fazer uma parceria?
Muitos para pensar neste momento. Só quero concentrar em ser eu mesmo.


Muito obrigado Josh, foi realmente um prazer entrevistá-lo.
Eu espero que tenha ficado interessante.

Acreditamos que essa primeira entrevista para um fã-site ficou muito interessante, mas é claro que muitos fãs gostariam de ter lido respostas para outras perguntas. E foi pensando nisso que o fã clube JoshKlinghoffer.org criou um projeto chamado The Josh Mail.

Lá você terá a chance de enviar uma pergunta que, após passar pela moderação, será repassada ao Josh que tentará responder o máximo possível.

Conheça e participe do projeto: http://joshklinghoffer.org/site/the-josh-mail-2/

Entrevista: Altair Pereira, Ana Paula, Paulo Marcelo, Amanda Olivieri e Alessandra (JK.org).
Tradução: Altair Pereira, Ana Paula Mancini.
Fotos: Geoff Moore e Clara Balzary
Agradecimento especial: Josh Klinghoffer pela atenção