Anthony Kiedis sobre a entrada no Rock and Roll Hall of Fame: “Meu pai chorou quando contei à ele”
O Red Hot Chili Peppers não atingiu o sucesso mainstream até o lançamento de Blood Sugar Sex Magik em 1991, mas nessa época eles já estavam juntos por quase uma década. Durante os anos 80, o grupo da Califórnia misturava funk com hip hop, punk e psicodelia em clássicos LPs como Freaky Styley e The Uplift Mofo Party Plan, mas a morte do guitarrista Hillel Slovak em junho de 1988 quase destruiu a banda.
Eles recrutaram o guitarrista John Frusciante, e em 1991 marcaram grandes hits como “Under The Bridge” e “Give it Away”. Eles permaneceram como uma das maiores bandas de rock no mundo nas últimas 2 décadas, e estão em uma turnê européia do novo disco “I’m With You”.
Rolling Stone conversou com o frontman Anthony Kiedis logo depois que ele descobriu que a banda seria incluída no Rock and Roll Hall of Fame.
Como está indo a turnê?
Está indo muito bem. Realmente divertida. Meu único desafio esses dias é que estou com um dedo quebrado e com o músculo da panturrilha distendido. Eu tenho que enfaixar. Mas não é nada que eu tenha que reclamar.
Você está como um jogador de basquete.
Exatamente. Tenho uma faixa do Kobe na panturillha, e uma do Ron Harper no dedo. É realmente muito legal estar no palco com Josh Klinghoffer, nosso novo guitarrista, e simplesmente só ouvir. Ele melhora a cada show, e foi bom começar com ele.
Qual foi sua primeira reação quando soube que entrou no Hall of Fame.
Eu liguei para o meu pai. Eu disse à ele que ele não poderia contar a ninguém, porque ainda não tinha sido anunciado publicamente. Eu sei que meu pai é um louco pela internet, e é conhecido por ser um wikileaker. Eu disse: “Pai, nós temos o mesmo sangue. Vou te contar algo, mas você não pode contar para ninguém”. Eu acho que isso é algo que você quer dividir com quem você é próximo, como família e amigos próximos. Meu pai chorou.
Você ficou emocionado?
A parte mais emocionante para mim foi pensar no Hillel Slovak. Foi aí que me pegou. Me senti muito bem com isso, mas senti como se nosso trabalho só tivesse começado. Agora que temos Josh na banda, temos a chance de fazer albuns ótimos nos próximos anos. Mas tem algo sobre voltar ao passado e pensar que começamos em uma sala com o Hillel Slovak. Porque ele não está mais conosco, é emocionante e bonito. É mais por isso que estou emocionado. Ele era uma pessoa incrível que pegou uma guitarra nos anos 70 e não conseguiu fechar os anos 80, e agora está sendo homenageado por sua beleza.
Você acha estranho entrar enquanto a banda ainda está ativa? Algumas bandas se preocupam achando que isso dá a impressão de que eles acabaram.
Não acho estranho. Sei como serão os próximos anos para a nossa banda, e estou muito animado para tocar com esses caras. Acho que nosso poço de criatividade está transbordando. Acho que isso não vai estigmatizar a banda. Nada tem o poder de diminuir o amor que temos pelo que estamos fazendo agora. É só um interessante intervalo ser aceito no Hall of Fame enquanto ainda estamos ativos.
Uma das coisas mais legais sobre isso, é que todos os que já estão lá, votam. Então, Paul McCartney teve a chance de votar em vocês.
Eu fico com um sorriso enorme no meu rosto quando você diz isso.
E você estará na parede em Cleveland, perto de Elvis Presley.
Quando eu era criança, eu era anti-Elvis. Eu não gostava. Depois que parei de julgar, eu descobri a grande maravilha do Elvis e tudo que ele fez. Eu era um pequeno punk de sarjeta nos anos 80, e tudo que eu queria fazer era desrespeitar todo mundo. Eu lembro de ir a Graceland quando era criança, e falar um monte de merda enquanto estava lá. Agora se eu fosse lá, pensaria sobre todas as ótimas coisas que ele fez, e no músico incrível que ele foi.
Você acha que o John Frusciante irá a cerimônia?
Ummm…Wow. Seria um palpite meu sobre se ele irá ou não. Eu não posso imaginar que ele iria, mas é uma coisa do tipo “você nunca sabe”. Eu não falo com ele há um tempo. Não sei aonde ele está atualmente. Ele será, obviamente, mais do que bem vindo, e abraçado, se ele for. Se ele não for, tudo bem também.
Acho que eles levarão o baterista Cliff Martinez também. Mas não sei…
Acho que ele vai querer ir. Tanto ele, como o Jack Irons, vão querer ir.
Algum pensamento final sobre tudo isso?
Realmente preenche meu coração com a realidade do tanto que amamos fazer o que fazemos, e como Flea e eu nos amamos. Juntos passamos por bons e maus momentos, e queremos continuar fazendo o que fazemos. Sinto um imenso senso de irmandade, porque juntos passamos por tudo isso. Como eu disse, estou feliz por Hillel. Sinto uma grande realização com Chad e Flea, e ainda mais animado sobre a experiência de tocar ao vivo com o Josh todas as noites.