Chad fala sobre a “nova era” do RHCP
Em entrevista para a IGN.com, Chad Smith fala sobre essa “nova era” que os Red Hot Chili Peppers estão vivendo.
Na máteria Chad fala sobre a sensação diferente de se gravar cada um dos álbuns, a preparação das novas músicas, a influência de Rick Rubin na produção do CD e também sobre seus projetos paralelos. Uma excelente entrevista e vale muito a pena ler.
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Confira a tradução da entrevista abaixo:
A banda está de volta após 5 anos. Chad Smith coloca tudo na balança e fala sobre a longa pausa sem gravar, sobre o guitarrista Josh Klinghoffer e sobre trabalhar com o lendário Rick Rubin. Os Red Hot Chili Peppers, em seus 27 anos de existência, se transformaram em divindades do rock simplesmente fazendo as coisas do jeito deles e deixando a música guiá-los. Depois de inúmeras turnês, álbuns de estúdio e uma série de mudanças de arranjo, o grupo está de volta e prestes a lançar músicas novas, pela primeira vez, em cinco anos. Tivemos a oportunidade de sentar com o grande e experiente baterista Chad Smith para falar sobre o que todo este tempo parado trouxe a eles, sobre como o novo guitarrista Josh Klinghoffer se encaixou à banda e o que o super produtor Rick Rubin agrega ao RHCP.
Levando em conta que vocês ficaram um bom tempo longe, quando vocês voltam ao estúdio, é a mesma coisa de sempre (como se fosse mais um trabalho) ou cada álbum tem uma vida própria?
Cada álbum tem uma vida própria, com certeza… Eu estou olhando para os mesmos rostos, com exceção do Josh Klinghoffer que agora toca guitarra conosco, e é claro, isso é uma grande mudança pra gente. Estávamos bem preparados para gravar, e esta é o melhor forma para que possamos fazer grandes álbuns. Eu sinto que no passado, quando estávamos ainda mais preparados, tudo se resumia em obter um bom desempenho. Algumas coisas irão mudar mas, pra nós, é assim que funciona. Estávamos bem preparados mas ainda assim é emocionante gravar novos álbuns. Nós somos tão sortudos e afortunados por fazer o que amamos, por fazer algo que realmente temos paixão. Foi uma experiência muito satisfatória e divertida. Quando estamos nos divertindo e tudo começa a fluir
bem e de forma fácil, eu sei que coisas boas vão sair daí.
No que se diz respeito ao preparo, vocês ensaiam muito ou vai além disso?
Tudo parte do ponto que as músicas precisam estar redondinhas. Rick Rubin trabalha muito conosco no “prior to” – nós chamamos isso de pré-produção, onde nós tocamos nossas músicas para ele e ele nos passa as devidas considerações e idéias criativas. Daí nós trabalhamos em cima das músicas novamente para finalmente finalizá-las. Nós escrevemos músicas durante 11 meses, mais ou menos, e em seguida trabalhamos nelas por alguns meses com o Rick. E é isso o que eu quero dizer sobre estar preparado: ter as canções finalizadas na melhor forma de música possível. Daquela maneira que você se sente confortável de ouvir. A partir daí, a gente não faz mais nada de novo em cima das músicas. Tipo, é claro que algumas coisinhas mudam quando a gente entra no estúdio mas é basicamente o arranjo das músicas. Desta forma, você consegue se concentrar em simplesmente tocar todas as músicas e captar aquela magia que elas ganham no estúdio.
Obviamente, uma grande parte do sucesso da banda deve-se so Rick Rubin. Qual é o impacto específico dele em vocês? O que ele traz para a banda em termos de produção?
Ele tem tanto conhecimento sobre tantos aspectos musicais e ele é nosso amigo, nós confiamos nele e o que ele realmente faz é o seguinte: no começo, quando ele entra pra trabalhar conosco, ele é a aquele cara com as idéias frescas, que tem o ouvido bom. A gente começa a tocar uma música atrás da outra sem parar e pra gente é óbvio, algumas músicas que tocamos estão em seu formato final, mais do que outras. Mas ele gosta de ouvir todas as etapas, o progresso das músicas.
Nós confiamos nele porque ele entende muito de música e, muitas vezes, as suas idéias – eu diria que em 85% das vezes – irão melhorar a nossa música. Seja no arranjo, seja no “este tom está certo” ou “você deveria tentar isso”. Muitas vezes suas idéias estão certas e isso torna a canção melhor, traz mais sentido pra ela. Nós meio que estamos por todos os lados e ele nos coloca em equilíbrio. Ele é muito conciso em suas idéias, tem um feeling muito preciso quando diz: “isto é o que eu ouço, esta é a essência desta música” e nos ajuda a ter foco naquilo. Ele é tipo um grande e amável urso de pelúcia e nos conhecemos há tanto tempo! Nos conhecemos uns aos outros tão bem! Nós trabalhamos muito bem juntos. Ele é muito útil e só vem melhorando mais e mais naquilo que ele faz.
O que assusta porque ele já é um daqueles caras que já chegaram no topo…
Eu sei, eu sei… É que ele ama tanto música. Ele é simplesmente um cara musical e não do tipo “olha, você pode tocar Mi menor ao invés de Ré”. Ele é um cara de “feeling”. Ele é fã de música e tem um instinto musical muito bom do que funciona melhor e do que pode ser mais útil pra gente.
Você está envolvido em vários projetos solo. Como você se sente fazendo isso em paralelo? Fazer um projeto seu ajuda no seu trabalho com os Peppers?
Todos nós tocamos com várias pessoas diferentes, sempre fizemos isso. Nós tiramos este tempo para simplesmente não estar nos Red Hot Chili Peppers por alguns anos e foi algo que dissemos que faríamos. E não simplesmente “ok, vamos dar um tempo”. Pela primeira vez em dez anos, sempre foi:compor, gravar, ir em turnê e precisávamos de um tempo para quebrar este ciclo, ir atrás de fazer o que estávamos a fim de fazer em nossas vidas sem este tipo de comprometimento. Eu estava com o Sam, Mike e Joe do Chickenfoot e foi um processo divertido. Eu toquei no meu próprio grupo, fiz este tipo de fusão. Foi totalmente diferente do RHCP. Eu fiz um álbum infantil com Dick Van Dyke. Fiz de tudo. Toquei em um álbum do Kid Rock. Eu simplesmente acho saudável tocar com outras pessoas. Sou um músico, é isso o que eu faço, é isso que eu amo. Eu não vou simplesmente parar de tocar porque minha banda está parada naquele momento.
O que isso nos propicia, quando a gente volta, é sem comparação, toda a sua experiência e o que você faz vai pra dentro daquele projeto quando você toca.Não foi só o intervalo que foi bom mas tocar com outras pessoas e, em seguida, voltar… é como estar em um casamento de 23 anos e daí você dá um tempo e transa com uma gostosa.
Você volta e valoriza o amor, porque a gente se ama e temos algo muito especial… e claro, ter uma nova pessoa na banda é simplesmente incrível porque tudo soa como novo. Foi – e ainda continua sendo – um processo muito divertido e interessante poder conhecer e ter Josh como pessoa e músico. A contribuiçao dele para a música e para o álbum foi fantástica. A gente não precisou falar pra ele o que ele deveria fazer. Ele é uma pessoa muito criativa e toca baixo, bateria, piano, canta e toca guitarra, claro. Nós conhecemos o Josh há um longo tempo e tê-lo na banda foi um processo muito natural. Ele foi nossa primeira escolha. Nós até pensamos em outras pessoas mas já havíamos tocado com ele antes, ele foi em algumas turnês nossas no último álbum e nós o conhecemos há um bom tempo. Aí é que tá, temos alguém novo no grupo… e nós tivemos outros guitarristas antes, e a gente se pergunta “Como é este cara?” Esse tipo de coisa, toda a personalidade envolvida… e a nossa forma de trabalhar não é como um ou dois caras fizessem a composição das canções. Nós fazemos jam e improvisamos o tempo todo, essa é uma grande parte da nossa maneira de criar música e isso é um aspecto importante que temos. E nunca havíamos feito isto com ele, então ele entrou e se encaixou perfeitamente, e foi ótimo, e ele é um integrante do nosso grupo agora.
Como é para você este momento de antecipação antes do álbum sair?
Eu não posso simplesmente falar uma besteira do tipo: “Olha, este é meu trabalho artístico e eu não ligo para o que as pessoas pensam”. Eu ligo sim, eu quero que as pessoas gostem, eu realmente quero. Porque eu acho que nós fazemos ótimas músicas e o mundo precisa de música boa e positiva por aí afora.
Logo, eu quero que o máximo de pessoas escutem este álbum.
Você trabalha em cima de algo por um longo tempo, é muito próximo ao seu coração, à sua alma, com quatro e cinco pessoas junto. Claro, em um certo ponto isso começa a soar de forma egoísta mas fazemos música para nós. Se nós gostamos, ótimo. Daí você coloca pra todo mundo no mundo ouvir e quem tiver que gostar, vai gostar. Eu acho que a graça é justamente não saber o que vai acontecer, é o desconhecido. Eu sei que as pessoas vão ouvir o álbum, eu acho que está ótimo e acho que as pessoas irão gostar. Nós iremos tocar nos shows, junto com outras músicas, por todo o mundo durante 1 ano e meio. É isso que vai acontecer. E é legal porque estamos pronto pra isso, estamos empolgados pra tocar. Estamos empolgados para tocar ao vivo, estamos tão empolgados com o álbum, estamos empolgados por ter Josh na banda.É como um verdadeiro recomeço pra nós depois de 27 anos. É ótimo.
Estamos prontos pra começar. Roendo as unhas.