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A obsessão pela NBA traz conforto a um mundo de cabeça para baixo

Em sua publicação no blog da NBA em 2016, o baixista do Red Hot Chili Peppers fala sobre sua paixão pelo seu time favorito, o Los Angeles Lakers.

1 de Dezembro de 2016 / Tradução: Matheus Moreira

Durante o primeiro quarto de um recente jogo entre Lakers vs. Warriors no Staples Center, os Lakers abriram cinco pontos (uma vantagem que não durou muito, para minha completa humilhação) quando eu me virei para minha filha de 11 anos e com uma explosão incontrolável de entusiasmo disse a ela:

Sunny, EU AMO BASQUETE! Esses caras são muito bons jogadores!

Depois dela revirar os olhos e me dar o olhar sarcástico de “jura?” que só uma menina pré-adolescente consegue dar, voltei alegremente minha atenção para o jogo, focado e com os olhos vidrados em cada rotação defensiva, na fluidez do movimento da bola, na singularidade do arremesso de cada jogador, nas linguagens corporais de confiança e de desespero, e no poço infinito de possibilidades do basquete que se desdobram diante de mim.

A verdade é que eu sou obcecado pelo basquete e o assisto
constantemente; jogos de High School (juvenil), jogos de College
(universitário) e todo jogo do Lakers durante toda a temporada, torcendo
e zoando como um completo lunático.

Eu estou no meio de uma turnê mundial com a minha banda neste
momento, e há um grupo de pessoas, fãs bem intensos, que nos seguem
em todo o mundo, nos assistindo noite após noite. Cada um já viu
centenas de shows do RHCP em dezenas de países. Às vezes eu acho que
essas pessoas estão fora de si, embora sejam sempre amorosas! Eu tenho
que fazer esta rotina exagerada e derramar meu coração todas as noites,
mas eles? Eles podiam desfrutar de alguns shows e depois voltar para o
amor e conforto de suas casas. Mas não, eles estão noite após noite,
prestando atenção à nossa variedade de improvisações, às diferenças em
nossos setlists, e aos diferentes tipos de intensidade que mostramos em
diferentes cidades do mundo, e eles adoram! Dormem em estações de
trem e tudo mais.

Um dia, recentemente, quando eu estava pensando o quanto esses
mega fãs dos Chili Peppers eram loucos, percebi que eu sou como eles.
Aqui estou, um homem adulto, um pai dedicado e uma pessoa com uma
carreira profissional ocupada, mas vejo todos os jogos do Lakers durante
toda a temporada, ano após ano. Eu leio todos os artigos, eu me apego
aos jogadores de forma emotiva (apesar de não conhecê-los), e examino
todas as folhas de estatísticas, como se fosse a chave para desbloquear o
mistério da vida eterna.

Eu sou louco? Eu acho que é uma forma estranha de insanidade.
Mas o simples fato é que me traz conforto. Neste mundo turbulento de muito sofrimento, o basquete, bem como música e a arte,
sempre estiveram comigo. Independentemente dos altos e baixos da
minha vida, o placar é o placar, um crossover perverso (drible
desconcertante) ainda me faz balançar a cabeça com admiração, e a
comunicação telepática entre os jogadores de uma equipe altamente
funcional é semelhante aos melhores caras do jazz que fazem a mais
sofisticada e espiritualmente profunda música gospel.

Um time do Lakers que joga bem, parece me dar uma leveza de ser,
elevando minha atitude em relação a todas as outras partes da minha
vida. Eu me torno um namorado melhor, um colega de banda melhor e
um amigo melhor. Um time do Lakers ruim – como o dos últimos anos –
sempre parece coincidir com algum ponto baixo da minha vida, o time é
como um sinal ameaçador de uma cultura supersticiosa do passado.

Eu fico tão vidrado, que as pessoas olham para mim como se eu
fosse louco durante os jogos, incluindo os jogadores, que já me olharam
confusos, ofendidos ou desconcertados ao longo dos anos. Uma vez eu me
aproximei de Chris Paul (jogador do Houston Rockets, ex Los Angeles
Clippers) no meio de um jogo Lakers vs. Clippers e ele me repreendeu por
um acalorado e bem humorado ‘elogio’ que dei (ele na verdade fez um
truque de psicologia reversa estranho que me deixou perdido, antes de
apresentar ao Lakers a pior derrota da história do time), e o juiz teve que
dizer a ele para me deixar em paz! Ha!

Ao mesmo tempo em que eu torço realmente para os Lakers, com
um otimismo extremamente desequilibrado, eu aborreço os adversários
como uma criança temperamental de 2 anos de idade, mas eu respeito os
jogadores do outro time, silenciosamente no fundo da minha mente.

Outro dia no jogo com a minha filha, ao mesmo tempo em que
estava zoando os Golden State Warriors e envergonhando minha pobre
filha enquanto gritava para o juiz marcar uma falta técnica de Draymond
Green, eu estava maravilhado em silencio com o jogo de Kevin Durant, um
homem de 2,05 metros, que parecia um poema em movimento, com
habilidades profundamente afiadas e tão disciplinadas, uma
demonstração de inteligência e um exemplo do que os seres humanos são
capazes de fazer. Mas não importa, eu me recuso a simplesmente apreciar
o jogo como um adulto. Go Lakers! Vença todos os adversários, todos eles
fedem!

Eu encontro a paz, uma bela saída e um santuário longe da violência
do mundo, sendo essa aberração obsessiva por aros. Meu ponto é: eu sou
louco por basquete, absolutamente louco, e às vezes uma pequena
insanidade infantil (ou no meu caso, grande) é uma coisa boa.

Original Blog Post: https://www.nba.com/article/2016/12/01/flea-blog-nba-obsession-brings-comfort-topsy-turvy-world

Tradução: Matheus Moreira

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