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Anthony Kiedis revela o segredo de 30 anos de sucesso do RHCP: “Você não pode desistir do seu irmão”.

O vocalista fala sobre o apoio à Bernie Sanders, o trabalho com Danger Mouse e o processo de “The Getaway”.

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Na semana passada, o Red Hot Chili Peppers lançou seu 11º álbum de estúdio, The Getaway, e não é um trabalho previsível de uma banda de três décadas em sua carreira. O quarteto continua se ajustando à saída do guitarrista de longa data John Frusciante – e eles deram uma refrescada em seu som eficaz chamando Danger Mouse para produzir The Getaway, ao invés de Rick Rubin, com quem eles estavam trabalhando desde a primeira administração de Bush.

Mas mesmo o Chili Peppers já ter passado por várias formações ao longo dos anos, seus membros principais continuam os mesmos: o vocalista Anthony Kiedis e o baixista Flea fundaram o grupo em 1983 e o baterista Chad Smith tem sido um partidário desde sua chegada em 1989.

Quando o EW se encontrou com Anthony Kiedis para discutir o The Getaway, ele estava em turnê na Europa e absorto com a vista de seu hotel em Bern, na Suiça: “Estou olhando para esse rio que está derramando dos Alpes, através dessa cidade de 500 anos de idade. É lindo”.

Abaixo, o o vocalista icônico compartilha pensamentos sobre trabalhar com Danger Mouse, o apoio à Bernie Sanders e porquê ele vê Klinghoffer como “uma injeção de ânimo na bunda para a banda”.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Você passou por um susto médico em maio, que o forçou a cancelar um show. Como você está se sentindo agora?
ANTHONY KIEDIS: Eu tive uma infecção no estômago que provavelmente vai demorar para curar, mas a parte crítica foi embora depois de dois dias. Meu trabalho é metade dublê, metade vocalista, então sempre estou enfrentando alguma lesão. Manter uma boa voz já é um grande desafio em si, mas também é o melhor trabalho do mundo.

Esse é o primeiro álbum dos Chili Peppers em cinco anos. Por que demoraram tanto para voltarem ao estúdio?
Nós tivemos um problema significante com o Flea quebrando seu braço em dois em uma montanha de Montana (em 2015). Tivemos um período difícil em decidir o que fazer com a situação do nosso produtor. Tínhamos uma pessoa que amamos (o produtor de longa data Rick Rubin), mas também estávamos decididos em fazer algo diferente dessa vez – tentar desenvolver um pouco mais nosso jogo e nos forçar em um território desconhecido.

Vocês acabaram escolhendo o produtor do Beck, Danger Mouse. Como foi essa experiência?
Ele não tinha medo de nos dizer quando algo não estava tão bom quanto ele achava que estaria. Depois de estar em uma banda por 30 anos, é normal que as pessoas não queiram nos dizer quando algo não estava legal ou que poderia ser melhor. Ele dizia: “Eu tenho certeza que você consegue fazer algo melhor. Volte para seu caderno de rascunho”. Essa é uma daquelas coisas onde o treinador te força a correr um quilometro extra, e você finalmente quebra o seu recorde.

O que o Danger Mouse trouxe para o seu processo de gravação musicalmente?
Ele queria compor no estúdio, o que foi uma experiência nova para nós, e algo que todos mergulhamos de cabeça. Meus meninos estavam tão entusiasmados em ir para o estúdio e criar algo no local que iria durar eternamente.

A metodologia dele é diferente de tudo que já fizemos. Tradicionalmente, nós não tocamos com metrônomo ou nenhum instrumento desse tipo. Então nosso som tem sido bem imperfeito e orgânico, subindo e afundando com a maré da música. Ele gosta de tudo com metrônomo, mas acontece que isso traz algo realmente divertido e emocionante, que é apenas diferente. Muitas dessas faixas que eu ia compor, tinha essa qualidade robótica – o que não quer dizer que é sem vida, porque é apenas um groove diferente.

Como surgiu a parceria com Elton John em “Sick Love”?
Flea chegou um dia com uma linha de baixo que derreteu meu coração. Ele foi inspirado pelos acordes de “Bennie and the Jets”, do Elton John. Nós terminamos de compor essa música e não era nada como a do Elton, tons diferentes, texturas diferentes, letras diferentes, melodias diferentes – mas sentimos que o Elton tinha uma propriedade naqueles acordes. Nós dissemos: “Elton, nós gostaríamos de te dar crédito por isso, mas também gostaríamos que você tocasse nela”. Com a benção dele, parecia fazer mais sentido.

                                                    Videoclipe de “Dark Necessities”, dirigido por Olivia Wilde

Você tem um catálogo enorme de músicas para tocar nos seus shows. Como você escolhe o que tocar?
É meio balanceado, mas uma parte legal de fazer um álbum, é que agora temos 13 músicas novas para tocar ao vivo. Nós fazemos muitos shows e tocamos nossas músicas antigas muitas vezes. Ainda amamos elas, e ainda reconhecemos a importância de tocá-las para aquelas pessoas que não vão muito aos nossos shows. As pessoas gastam suas economias para nos ver, e queremos que seja uma linda experiência para eles, e talvez uma de nossas músicas antigas é a favorita deles.

Quanto mais tempo passar do lançamento do nosso novo álbum, mais novas músicas iremos tocar. Para nós, esses são os pontos altos dos nossos shows. São nesses momentos que realmente sentimos o novo espírito dançando pelo palco. Selecionar as músicas é o meu trabalho e eu levo isso muito a sério. Eu passo muito tempo tentando fazer o setlist certo.

Ao longo dos anos, os Chili Peppers têm sido bem sinceros sobre política – vocês até tocaram em um evento para arrecadar dinheiro para a campanha de Bernie Sanders recentemente. Como você se sente sobre a próxima eleição?
Pessoalmente eu odeio política, e honestamente, eu tento evitar. É um campo de interesses repugnantes. No começo desse processo caótico, eu ouvi todos os candidatos darem seus discursos e todos pareceram desonestos, desconfiáveis, ignorantes, odiosos, seres humanos horríveis – exceto esse cara de New England. Eu acreditei nele, confio nele e ele parece esperto e interessante. E ele quer algo para o bem de todos e não para o bem de poucos. Quando surgiu a oportunidade de apoiar Bernie naquele show, não tivemos dúvida. Fizemos nossa parte. Eu posso ir dormir à noite sabendo que eu não fui um punk preguiçoso.

Mais uma vez, o ex guitarrista John Frusciante saiu em 2009 e foi substituído por Josh Klinghoffer. Você falou com o John recentemente?
Eu não falei com o John ultimamente. Mas eu escutei algo positivo e agradável, que ele estava querendo ouvir o álbum. Isso me deixou feliz, em ouvir que: a) que ele se importava e b) e que não havia nenhum rancor. Quando o John saiu, foi uma grande perda, porque ele é um brilhante companheiro de composição e um grande ser humano musical. Mas também nos deu a oportunidade de ter alguém fresco e novo. E muitas vezes, ter sangue novo cria uma nova química e talvez te dê uma injeção de ânimo na bunda, para continuar por mais 5 ou 10 anos.

Como os Chili Peppers mantém uma relação de trabalho frutífera por tanto tempo?
Nós nunca tivemos nenhuma confusão de que tudo deveria ser dividido igualmente. A divisão do trabalho, a divisão do dinheiro, a divisão da alegria, a divisão da dor. Esse foi um grande passo na direção certa para termos o potencial da longevidade, porque muitas bandas se separam: “Hey, eu escrevi isso!”. Nos amamos e respeitamos uns aos outros, nós brigamos de vez em quando. Nossas atitudes, nossos humores e nossos egos se confrontam – mas conseguimos nos entender. Nós conseguimos superar essas coisas. Flea e eu somos como irmãos. Eu não acho que essa relação irá terminar algum dia, não importa o que aconteça, porque você não pode desistir do seu irmão. Você não pode.

Créditos: Entertainment Weekly
Tradução: Amanda Olivieri

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